Nas últimas quatro décadas a produtividade de pluma aumentou 12 vezes, parte desse progresso é decorrente do desenvolvimento de cultivares com características genéticas que interferem diretamente na produtividade. A escolha da cultivar de algodão é essencial para garantir parte dessa produtividade, é uma das decisões importantes que o produtor de algodão deve tomar antes de toda safra. Como a J&H Sementes sempre está presente nesses momentos de decisões importantes, preparamos este artigo com 8 diretrizes a se considerar para escolha e potencialização da cultivar ideal de algodão.

Melhoramento genético do algodão

Com ferramentas de melhoramento genético, foi possível inserir várias características importantes nas cultivares de algodão nos últimos anos, sempre focadas em produtividade, frutificação, qualidade de fibra, resistência a pragas e doenças, temperatura, estresse hídrico e precocidade.

A introdução de cultivares transgênicas também ganharam destaque nos últimos anos, principalmente cultivares com resistência a insetos (genes que expressam proteínas que conferem resistência a lagartas, por exemplo), com resistência a herbicidas (genes com tolerância a herbicidas usados no controle de plantas daninhas). O efeito do uso de cultivares melhoradas, transgênicas ou não, refletem no aumento gradativo da produtividade e rendimento de pluma no Brasil ao longo dos anos (Gráfico 1).

Gráfico 1: Produtividade da pluma (Kg/ha) nos últimos anos. FONTE: ABRAPA

Sabemos que não existe “receita de bolo” para produção agrícola, principalmente para a cultura do algodão, que exige muito conhecimento técnico e cuidado durante toda a safra, o objetivo deste artigo é orientar para tomada de decisão em relação a escolha da cultivar, observando tudo que pode influenciar em bons ou maus resultados.

1. Conhecer a área onde a cultivar será implantada

O histórico da área é primordial para a escolha da cultivar, observe alguns pontos a serem considerados em relação a área:

• Tipo de solo;

• Histórico de ocorrência de doenças e pragas;

• Histórico de cultivares utilizadas na área;

• Fertilidade da área;

• Regime de chuvas;

• Declividade.

Esses são os principais fatores a serem observados em relação a área de plantio, isso irá interferir na performance da cultura, por isso sempre devemos correlacionar as informações da área com a exigência da cultivar.

2. Resistência das cultivares

Para a cultura do algodão existem várias tecnologias presentes no mercado tanto para resistência a herbicidas, como para resistência a pragas e doenças. Acompanhe o que existe hoje no Brasil (Imagem 1).

Imagem 1: Resistência genética para o algodoeiro.

3. Cuidados no uso das cultivares transgênicas

Alguns cuidados devem ser tomados quando cultivares com tecnologia são implantadas. Para cultivares tolerantes a lagartas, por exemplo, é primordial a adoção de refúgio em 20% da área com plantio de cultivar não Bt, premissas do MRI (Manejo de Resistência de Insetos), isso garante a preservação das tecnologias por mais tempo no campo, evitando gerar pragas resistentes.

Para cultivares com tolerância a herbicidas, deve-se observar as recomendações da empresa detentora da tecnologia, pois a tolerância pode ser somente nos estádios iniciais do algodão, outras podem funcionar por um período maior.

Importante: Deve-se atentar ao plantio em área limpa, pois o algodoeiro é sensível à competição, os primeiros 80 dias após a semeadura são de atenção, pois a competição pode interferir diretamente no crescimento e por fim na produtividade da cultura. Optar pelo controle de plantas daninhas em pré-emergência juntamente com o uso de tecnologias inseridas na cultivar para controle também em pós-emergência.

4. Manejo Integrado de Pragas e Doenças

Para o algodão, como mencionado anteriormente, já existem cultivares tolerantes e/ou resistentes para algumas doenças, pragas e plantas daninhas, porém, mesmo com o uso dessas cultivares, os princípios do manejo integrado de pragas e doenças devem ser priorizados, visto que em alguns casos a resistência não é completa, sendo necessário aplicações de produtos específicos.

Pragas, doenças e plantas daninhas podem limitar drasticamente a produtividade do algodoeiro, um exemplo é o Bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), quando não controlado de forma efetiva, pode causar danos de até 70% de perda de produtividade na cultura.

5. Espaçamento e época de semeadura

Existem recomendações específicas para a cultura do algodoeiro, visto que as plantas competem entre elas por luz e nutrientes, quando plantadas em número elevado por hectare. Considerar:

• Espaçamento normal: 0,76 m a 0,90 m entre fileiras.

• Espaçamento adensado: 0,45 m a 0,50 m entre fileiras.

• Cultivares de porte elevado: densidade não deve ultrapassar 8 plantas por m²

• Cultivares de menor porte: densidade de 10 plantas por m²

Em relação a época de semeadura, devem ser observadas as recomendações para cada cultivar escolhida, a época de semeadura muda de acordo com as características das cultivares, em relação ao tamanho do ciclo (precoce, tardio) e se é indicado para safra de verão ou safrinha.

Outro ponto a ser considerado é o regime de chuvas, a época de plantio deve ser determinada pelo zoneamento e regime de chuvas da região de plantio, para saber qual o da sua região, procure pelas informações da plataforma ZARC da Embrapa.

7. Adubação

A cultura é exigente em adubação, por isso esse ponto pode limitar o desenvolvimento adequado da cultivar escolhida. As adubações podem ser feitas em diferentes momentos para suprir essas necessidades, o mais comum é a adubação de semeadura, normalmente realizada no sulco e as complementares de cobertura.

A aplicação de macro e micronutrientes sempre deve ser estipulada com base nas análises de solo da área e dados de extração e exportação da cultura. A seguir a tabela de exportação de nutrientes para algodão cultivado no Cerrado (Carvalho et al. Embrapa, 2011), onde pode-se ter uma ideia de quais macronutrientes a cultura é mais exigente.

Você pode baixar o material completo de adubação clicando aqui.

8. Investimento

Para escolha da cultivar, assim como tudo que está envolvido na produção da lavoura, envolve custos de investimento, isso deve ser levado em consideração no momento do planejamento, pois o valor das sementes das cultivares variam de acordo com as suas características, além de todos os custos operacionais de manutenção, adubação, aplicação de produtos, entre outros, que são elevados para o algodoeiro.

Nos últimos meses observou-se um aumento considerável nos custos de insumos agrícolas, principalmente fertilizantes. Portanto, o planejamento da safra é indispensável e todos os detalhes devem ser considerados para isso.

Considerações finais

A agricultura é dinâmica e a todo momento novas tecnologias, produtos, insumos são criados, frente a inúmeras possibilidades fica difícil escolher uma cultivar ideal, portanto com esses pontos abordados no artigo é possível filtrar o que observar para escolher. Sempre levando em consideração as limitações e potenciais da área, considerando o histórico geral é possível escolher um cultivar que melhor se adapte a essas condições.

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Esse artigo foi feito em parceria com a Agro Insight, para conhecer e saber mais, acesse: agroinsight.com.br.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

EMBRAPA – Soluções tecnológicas para o algodão. Disponível Aqui. Acesso em 26 junho 2022.

Adubação do algodoeiro no ambiente de Cerrado. Disponível Aqui. Acesso em: 06 de julho de 2022.

Entenda como a biotecnologia no algodão pode melhorar o controle de Spodoptera e Helicoverpa na sua lavoura. Blog Aegro Disponível Aqui. Acesso em 26 junho 2022.

Importância do desenvolvimento de cultivares de algodão. Basf. Disponível Aqui. Acesso em 26 junho 2022.

O algodão é uma das culturas mais tradicionais da civilização. Portal Syngenta. Disponível Aqui Acesso em 26 junho 2022.