Visão do especialista Gustavo Pazzetti
No artigo anterior contemplamos como efetuar o planejamento do uso de regulador de crescimento na lavoura de algodão enfocando como determinar o momento da primeira aplicação, definir a taxa de crescimento para condução da lavoura e como monitorar e gerar estes índices.
A partir deste planejamento continuamos com o seu uso, iniciado na fase B dos botões florais ou anterior, passando por toda a fase F do florescimento, até chegarmos a fase C de capulhos ou “cut-out”.
Esta fase é de extrema importância no uso de regulador pois além de estar sendo gerenciado o porte e arquitetura das plantas, também deve se pensar na construção da caixa produtiva da lavoura, objetivando minimizar a taxa de abortamento, e assim promover a maior retenção possível de estruturas reprodutivas.
Vale lembrar que nesta fase a planta apresenta a sua maior demanda hídrica, nutricional e hormonal, porém, também se registra elevada sensibilidade aos estresses que porventura possam se manifestar e, que geralmente, resultam em aborto de estruturas reprodutivas.
O número de nós que a planta apresenta, quando do surgimento da 1a flor branca (F1), é apontado como um ótimo parâmetro indicador do potencial produtivo da lavoura de algodão, considerando-se que, plantas com elevado potencial produtivo são aquelas que apresentam entre 8 a 10 nós acima da 1a flor branca. Portanto, considera-se extremamente importante que se efetue monitoramento frequente desse parâmetro, assim como do comprimento em cm dos últimos 4 entrenós, como será apresentado posteriormente.
Durante a construção da caixa produtiva, a primeira fase do florescimento, geralmente nas 3-4 primeiras semanas, quando a taxa de crescimento vegetativo é intensa e a planta ainda não apresenta estruturas reprodutivas suficientes para efetivamente atuarem como drenos, de modo a competir o crescimento vegetativo, considera-se que o uso do regulador é imprescindível para ajustar este equilíbrio.
A partir do momento em que a planta já apresenta algumas estruturas, pelo menos 3 a 4 maçãs com idade superior 20 dias, ou seja, tamanho máximo definido e início de maturação, constata-se um período de maior equilíbrio entre o crescimento vegetativo e a demanda com a maturação dessas estruturas reprodutivas.
Nas cultivares com transgenia mais eficaz contra o ataque de lepidópteros, a partir do início da frutificação, a maior retenção de maçãs representa um excelente regulador fisiológico do crescimento vegetativo, em razão da elevada demanda por carboidratos e nutrientes para crescimento e maturação das maçãs, o que com certeza resultará em menor taxa de crescimento, e dessa forma, menor demanda por regulador de crescimento, especialmente nas cultivares precoces que apresentam período de frutificação intenso e concentrado.
Outra informação relevante a ser considerada, para detectar a necessidade de aplicações de regulador de crescimento, ou a necessidade de estimular a formação de novos nós reprodutivos, é a contagem do No de nós existentes entre o ápice do caule e a última flor branca situada na 1a posição no ramo reprodutivo. Flor branca de 1a posição situada 5 a 6 nós abaixo do ápice do caule é indicativo de proximidade ao “cut out’, que inclusive, poderá estar sendo induzido por estresse hídrico ou excesso de regulador.
Por outro lado, 7 a 8 nós (6 a 7 internódios) acima da última flor branca de 1a posição, com os 3 primeiros internódios acima dessa flor apresentando comprimento máximo entre 3 – 4 cm, indicam que existe equilíbrio entre crescimento vegetativo e reprodutivo, sendo isto considerado um padrão de manejo a ser almejado para se obter lavouras lucrativas. Isto é, atenção deverá estar voltada para não comprometer a formação de novos nós reprodutivos, e assim conduzir a lavoura até o “cut out” fisiológico pela maior % de retenção de maçãs, e ao contrário, evitar a antecipação do “cut out”, o que sem dúvida repercute em significativas perdas de produtividade.
Atingido o “cut out” fisiológico, em se tratando de variedades convencionais, desde que não existam condições ambientais favoráveis ao crescimento e maturação de novas estruturas reprodutivas, se recomenda a realização de uma ou até duas aplicações sequenciais com doses de regulador mais elevadas (cultivares mais agressivas), no sentido de interromper a formação de novos nós, consolidando dessa forma a retenção das últimas maças que efetivamente se transformarão em capulhos que compensem ser colhidos pelo peso e a qualidade da fibra formada.
Entretanto, para as cultivares com transgenia mais eficaz para lepidópteros, em se constando elevada % de retenção de maçãs no baixeiro e terço médio, é possível descartar esse manejo, especialmente se nessa fase de final de ciclo as plantas estiverem exauridas nutricionalmente, ou com folhas envelhecidas pelo elevado desgaste associado ao estresse químico, especialmente se os regimes hídricos e térmicos estiverem em declínio.
Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo.
GUSTAVO PAZZETTI
Professor Titular da Faculdade de Agronomia Fesurv/UniRV
RINALDO GRASSI PIROZZI
Gerente Técnico – J&H Sementes
ZACARELI MASSUQUINI
Gerente Técnico – J&H Sementes