A cultura do algodão é bastante exigente em fertilidade do solo, por isso para garantir melhores resultados deve-se atentar a alguns parâmetros básicos antes da implantação da lavoura. Neste artigo vamos elencar os parâmetros básicos de fertilidade do solo para alta produtividade da cultura. Acompanhe!
Algodoeiro x Fertilidade do solo
A cultura do algodão é exigente quanto à qualidade do solo e desenvolve seu máximo potencial produtivo em solos férteis, ricos em matéria orgânica, profundos, bem estruturados, permeáveis e bem drenados. Essas exigências acontecem porque o sistema radicular do algodoeiro é pouco denso, sendo sensível à compactação e acidez do solo, com baixa eficiência de aproveitamento dos nutrientes do solo.
Por isso, o primeiro passo para garantir uma boa produtividade para a cultura é a adubação de correção e adubação da cultura em seu desenvolvimento. Acompanhe a seguir os parâmetros que devem ser analisados.
1) Coleta e análises de solo
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Separar a área em zonas de manejo e fazer as coletas separadas.
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As metodologias de amostragem são várias, utilizar a que for mais adequada para a realidade do produtor.
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Sempre coletar amostras simples (mínimo 15, ideal 20) para formar uma amostra composta.
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Em caso do uso de agricultura de precisão essas coletas são georreferenciadas, feitas em grid ou com o auxílio de informações levantadas anteriormente, como imagens aéreas e mapas de colheita, para geração de zonas de manejo, o que permite uma aplicação em taxa variável na área de acordo com os resultados das análises.
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Enviar para o laboratório de confiança e posteriormente planejar as correções e adubações de manutenção da cultura.
2) Calagem
A acidez interfere diretamente no desenvolvimento radicular e crescimento do algodoeiro, sendo necessário o processo de calagem (aplicação de calcário) a fim de reduzir a acidez do solo e diminuir elementos tóxicos como alumínio e manganês da camada superficial do solo. Para isso as amostragens devem ser feitas na camada de 0-20 cm em 100% da área e alguns pontos também na camada de 20-40 cm, e caso não seja possível fazer em 100%, escolher no mínimo 20% dos pontos para essa investigação mais profunda.
Para a maioria das cultivares de algodão utilizadas nas áreas produtoras no Brasil, o potencial produtivo é atingido com saturação de bases acima de 60%. Considerar o valor de 70% para cálculo e aplicar quando o resultado for de no mínimo 500 Kg/ha de calcário para garantir uma boa distribuição. A escolha do tipo de calcário deve ser baseada no teor de Ca e Mg no solo e na relação entre esses dois elementos.
3) Gessagem
Para o desenvolvimento radicular em profundidade é necessário corrigir os teores de cálcio e enxofre nas camadas de solo mais profundas e diminuir a saturação por alumínio trocável onde o calcário tem efeito menor por conta das limitações de incorporação.
O processo de gessagem deve ser feito analisando os resultados de análises químicas da profundidade de 20-40 cm e 40-60 cm, conforme orientado acima.
Observe na figura a seguir os critérios mais utilizados para recomendação de calagem e gessagem.
Imagem 1: Fórmulas e critérios para cálculo de calagem e gessagem.
Além da correção do solo é importante aplicar macro e micronutrientes que são essenciais para o desenvolvimento da cultura do algodoeiro, acompanhe a seguir um resumo breve dos principais nutrientes e suas características:
4) Nitrogênio
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Nutriente absorvido em maior quantidade pela cultura,
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A disponibilidade é dependente do teor de matéria orgânica e acidez do solo,
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Não é possível determinar os teores de nitrogênio no solo por análises laboratoriais, a recomendação é feita pelo histórico da área e tipo de cultivo.
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Existem trabalhos de instituições de pesquisa que sugerem quantidades para a adubação nitrogenada de semeadura e cobertura em função da produtividade do algodão em caroço, ou seja, pelo cálculo do nutriente que foi exportado junto ao produto.
5) Fósforo
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O fósforo é o nutriente aplicado em maior quantidade para a cultura do algodão, porém, dos macronutrientes, é o menos extraído pela cultura. Isso acontece porque o fósforo sofre várias reações químicas no solo que afetam sua disponibilidade.
Obs.: A recuperação do fósforo fixado é satisfatória em áreas com sistema produtivo estabilizado ao longo dos anos, sistema de plantio direto é um exemplo, apresentando melhoras quanto à disponibilidade de fósforo x taxa de investimento e aplicação.
6) Potássio
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Essencial para o desenvolvimento, produtividade e qualidade da fibra.
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Na maioria dos solos do Cerrado, principal região produtora de algodão, as reservas de potássio não são suficientes para suprir a quantidade exportada do solo pela cultura, por isso é necessário aplicação de correção e cobertura.
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Em solos com baixa CTC (capacidade de troca catiônica) recomenda-se o parcelamento da adubação de potássio além de ser recomendado o uso de rotação de culturas com plantas que favoreçam a ciclagem e disponibilidade do nutriente, como milheto e a braquiária.
7) Enxofre
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Assim como o nitrogênio, a disponibilidade é dependente do teor de matéria orgânica e acidez do solo.
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As plantas absorvem o enxofre em forma de sulfato, que se acumula nas camadas abaixo de 20 cm, podendo ocorrer deficiência do nutriente se as raízes do algodoeiro não atingirem profundidade para se desenvolver bem. Por isso a amostragem de solo na camada de 20 a 40 cm se mostra também importante.
8) Micronutrientes – Boro
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Todos os micronutrientes são importantes, porém dentre eles destaca-se o Boro com maior resposta para a cultura, cuja aplicação tem efeitos residuais no solo. Porém, recomenda-se aplicação de doses baixas em cada safra (1-2 Kg/ha/ano)
Quando os nutrientes não são fornecidos à cultura de maneira satisfatória, a planta apresenta sintomas de deficiência, acompanhe no quadro abaixo alguns deles (os mais comuns, podendo apresentar variação).
Para quem deseja saber mais sobre as quantidades de cada nutriente que devem ser aplicadas de acordo com a produtividade esperada, trouxemos um artigo da Embrapa para algodão no Cerrado, para acessar clique aqui!
Considerações finais
É importante monitorar os parâmetros de fertilidade do solo, para que a cultura tenha as condições ideais para seu máximo rendimento. Isso é possível com planejamento de safra antecipado, fazendo as correções necessárias e aplicação dos nutrientes adequados para o seu desenvolvimento. Além da análise de solo, é importante também fazer o monitoramento constante da absorção da planta com análises foliares. Aplique as dicas que preparamos neste artigo e colha excelentes resultados!
Esse artigo foi feito em parceria com a Agro Insight, para conhecer e saber mais, acesse: agroinsight.com.br.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
BÉLOT, J.L.; VILELA, P.M.C.A. Manual de boas práticas de manejo do algodoeiro em Mato Grosso. Cuiabá-MT, 4º edição, 2020.
LANÇONI, R. Produtividade do algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L.) em funçao das abubações de plantio e foliar com fertilizante organomineral. Araras, SP. Universidade Federal de São Carlos, 2018.
EMBRAPA. Indicações técnicas para o cultivo de algodoeiro herbáceo nos cerrados de Roraima. Circular Técnica, 01. 2002. Disponível Aqui. Acesso em 25 set 2022.
EMBRAPA. Adubação do Algodoeiro no Ambiente de Cerrado. Circular Técnica 375, ISSN – 0100-7084 Dezembro, 2014 Campina Grande, PB. Disponível Aqui. Acesso em: 25 out 2022.