A colheita é o fechamento de um ciclo onde se obtém os resultados de todo o esforço empregado na cultura durante a safra, mas os cuidados não cessam somente nesta etapa. O beneficiamento e armazenamento da fibra colhida deve ser cuidadoso para garantir sempre a melhor qualidade. Neste artigo vamos falar sobre as principais etapas e cuidados no processo de beneficiamento do algodão. Acompanhe!
Cuidados na colheita
A colheita deve ser feita da melhor maneira possível para evitar perdas significativas, para isso alguns pontos devem ser considerados como: tipo de colheita, regulagem da colhedora, velocidade de colheita, uso de dessecantes na hora correta para evitar impurezas na fibra colhida, controle de umidade da fibra, precauções contra incêndios, destruição dos restos culturais no campo por método químico, mecânico, cultural ou integrado.
Armazenamento do algodão em caroço
Após a colheita existem duas formas de armazenamento do algodão colhido, que pode ser em caroço (normalmente o algodão é vendido dessa forma para as algodoeiras que fazem o beneficiamento dessa fibra com a separação da pluma/fibra do caroço) ou em pluma (após o processo de beneficiamento).
A principal preocupação com o armazenamento do algodão em caroço é com materiais estranhos, pois a presença de impurezas é indesejável para a indústria têxtil, dificultando o beneficiamento. A presença de contaminantes, portanto, reduz o preço final do fardo e pode interferir em parâmetros de qualidade como o comprimento, a uniformidade e o índice de fibras curtas.
Para armazenagem convencional do algodão em caroço, a umidade deve ser de 12% e deve ser feita em local seco, limpo, arejado e protegido do acesso de animais.
Beneficiamento: principais etapas!
O processo de beneficiamento consiste na separação da fibra e do caroço por processos mecânicos, prezando pela mínima depreciação da qualidade da fibra, garantindo as exigências das indústrias de fiação, tecelagem e têxtil. Confira o resumo das principais etapas do processo de beneficiamento.
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Desintegração dos fardos
Após a chegada dos fardões à unidade de beneficiamento, é realizado o processo de desintegração dos fardos que pode ser feito de duas formas: desmanche e lançamento direto na fita da transportadora ou passagem do algodão, após desmanche inicial em um batedor inclinado equipado de grelhas, que provocam a quebra das impurezas menores, como restos culturais e solo que estejam ligados às fibras.
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Pré-limpeza
Essa linha de transporte vai em direção a duas linhas de limpeza, primeiro passando por um equipamento mecânico conhecido como HL, que auxilia na retirada de 70% das impurezas, em seguida o algodão segue para a torre secadora e para o batedor inclinado, onde é direcionado para a rosca distribuidora que está ligada ao equipamento HLST, que elimina 30% de impurezas na matéria prima. Algumas usinas utilizam equipamentos com válvulas by-pass, que evitam a utilização dos equipamentos de pré-limpeza no algodão que chega mais limpo ao beneficiamento, economizando energia e poupando o maquinário.
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Descaroçamento
Para obtenção da pluma é necessário o processo de descaroçamento, feito por ferramentas tipo “serras” e “costelas”, além de rolos de escova que retém o algodão e separam do caroço, liberando a pluma para limpeza. Essa é uma das fases mais importantes, pois essa separação deve ser feita de forma que não ocorra a contaminação da pluma com óleo existente no caroço do algodão, o que prejudica diretamente a qualidade da fibra.
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Enfardamento e prensagem
Numa prensa essa pluma antes separada do caroço é transformada em pequenos fardos que são etiquetados e a amostragem é feita novamente para classificação dessa fibra.
Os parâmetros da classificação das fibras foram relatados em outro artigo do blog “Como melhorar a qualidade da fibra de algodão?”. Confira clicando aqui!
Rastreabilidade e controle de qualidade
No processo de enfardamento, cada fardo recebe um código de barras que permite a rastreabilidade desse fardo, agregando competitividade na comercialização ao identificar o produtor, características do produto e sua classificação, o que contribui para atender às exigências de qualidade dos principais compradores nacionais e internacionais.
Esse sistema de identificação foi desenvolvido pela ABRAPA (Associação dos Produtores de Algodão) em 2004, chamado de SAI (Sistema Abrapa de identificação), que permite rastrear todos os detalhes de cada fardo, descritos anteriormente.
Armazenamento do algodão em pluma
Os fardos para armazenamento do algodão em pluma devem pesar no mínimo 200 quilos e o armazenamento deve ser feito em espaço isolado, arejado, sem umidade excessiva, longe do alcance de animais. A umidade para o armazenamento do algodão em pluma deve ser de 10%, a partir de 15% de umidade nos fardos, pode ser iniciado o processo de fermentação.
Importante: Nunca colocar os fardos em contato direto com o piso, isso pode acarretar no processo conhecido como cavitomia (fermentação da fibra pela presença de umidade) que somada à temperatura elevada das fibras pode pegar fogo.
Se houver o empilhamento dos fardos, deve ser feito seguindo algumas medidas para facilitar o acesso a esses fardos, acompanhe algumas recomendações para esse tipo de armazenamento.
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Recomendações importantes para empilhamento de fardos
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Largura de 4,5 m para os corredores centrais e 1,5 m para os corredores de acesso
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Distância de 1,3 m entre os fardos e as paredes do depósito
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Empilhar até no máximo 4 fardos por altura, 5 por largura e 12 por comprimento
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Deixar 2 m livres do último fardo até o teto
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Empilhar os fardos sobre estrados de madeira, nunca diretamente sobre o piso.
Considerações finais
O sucesso da produção de algodão está na observação dos detalhes técnicos de produção, buscando sempre a melhor qualidade de fibra e rendimento, porém o processo de pós-colheita é o fechamento com chave de ouro de todo esse ciclo. O beneficiamento é responsável por agregar valor a fibra colhida, garantindo melhores preços de venda e lucratividade para o produtor.
Por isso, nós da J&H Sementes nos preocupamos em trazer informações relevantes que auxiliem os cotonicultores em todas estas etapas.
Esse artigo foi feito em parceria com a Agro Insight, para conhecer e saber mais, acesse: agroinsight.com.br.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
SILVA, O. R. R. F.; SOFIATTI, V.; CARTAXO, W. V.; BARBOSA, V. de S. C.; WANDERLEY, M. J. R. Algodão em pluma. Embrapa Algodão, 2009.
Embrapa Campina Grande. Técnicas de Colheita, Processamento e Armazenamento do Algodão. Circular técnica, ISSN 0100-6460, 2005.
Beneficiamento. AMIPA – Associação Mineira dos produtores de algodão. Disponível Aqui. Acesso em 05 set 2022.
Algodão: colheita e beneficiamento. Revista Rural, 2005. Disponível Aqui. Acesso em 05 set 2022.