Na cadeia produtiva do algodão, a maior exigência do mercado é uma fibra de boa qualidade, principalmente para as indústrias têxteis. Para a maioria dos países produtores, o algodão é comercializado em forma de pluma. Por isso os manejos são focados na qualidade da fibra. Como qualidade e responsabilidade são nossos lemas, preparamos para você nesse artigo os principais pontos em relação a qualidade da fibra e o que isso influencia no ganho financeiro. Acompanhe!
Fatores que impactam na qualidade da fibra
Cada cultivar de algodão tem características específicas em relação a fibra, porém, quando essas cultivares estão no campo, existem fatores que influenciam essa relação como: fenótipo (31%), ambiente (61%) e genética (8%) (KRIEG, 2001).
Dentre os principais fatores ambientais que podem influenciar na qualidade final do produto estão: fertilidade e compactação do solo, controle de pragas e doenças, plantas daninhas, nutrição de plantas, tipo de colheitadeira, beneficiamento, clima e semeadura.
Levando em consideração todos esses fatores, pode-se obter uma fibra de melhor qualidade e consequentemente melhor rendimento por hectare. A boa notícia é que, exceto o clima, todos os outros fatores podem ser observados e melhorados ao longo do processo.
Controle de pragas e doenças
Além de todos os cuidados citados no início desse artigo, vale a pena ressaltar a importância do monitoramento constante de pragas e doenças que afetam diretamente a produtividade do algodoeiro e qualidade da fibra.
Doenças como a Ramulária (Ramularia areola), podem reduzir em até 75% a produtividade em cultivares mais suscetíveis, assim como a Mancha-Alvo (Corynespora casiicola), que se tornado em alguns casos até a doença primária dessa cultura.
Já pragas como o Bicudo do Algodoeiro (Anthonomus grandis), afetam diretamente a qualidade da fibra por causar danos aos botões quando se alimentam.
Pulgão do Algodoeiro (Aphis gossypii), entre outros insetos sugadores como mosca-branca (Bemisia tabaci), que causam danos também diretos a fibra, pois se alimentam de seiva, transmitindo viroses e podendo ser porta de entrada para a fumagina que compromete a fotossíntese das plantas, além disso, os danos diretos também podem ser observados, o conhecido algodão caramelizado, causando a contaminação da fibra e perda de valor comercial.
Colheita e beneficiamento do algodão
Alguns cuidados também são importantes durante a fase de colheita para garantir a qualidade da fibra, como por exemplo colher com muita umidade pode provocar “encarneiramento” da pluma, ou seja, quando a pluma fica com “grumos” difíceis de desfazer no beneficiamento. Placas mal reguladas também podem trazer muitos contaminantes que podem “sujar” a pluma.
Outro ponto que não podemos esquecer é o beneficiamento do algodão, uma fase muito importante, que trata de um processo mecânico para separação do caroço e da pluma do algodão, sempre prezando pela depreciação mínima nesse processo.
O processo de beneficiamento começa com análises dos fardos colhidos antes do processo mecânico, uma amostra é avaliada em relação ao peso, percentual de umidade, transgenia e teor de pureza do produto. Em seguida ocorre o desmanche dos fardos colhidos para o processo de limpeza a fim de retirar as impurezas, após esse processo a pluma é separada do caroço, essa parte é uma das mais delicadas, pois a fibra não pode ser contaminada com o óleo presente no caroço. Depois esse algodão é prensado e vai para o armazenamento.
Parâmetros de classificação da fibra do algodão
Segundo dados da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA), o algodão é classificado por tipo e comprimento de fibras, cor da fibra, a presença de folhas (impurezas) e o modo de beneficiamento. A classificação é feita a partir do HVI (High Volume Instrument), um equipamento que mede as características físicas da fibra como: comprimento, índice de uniformidade de comprimento, conteúdo de fibras curtas, resistência, índice micronaire, grau de folhas, quantidade de partículas de impurezas, área ocupada pelas impurezas em relação à área total, grau de amarelecimento, grau de reflectância e diagrama de cor.
O mercado do algodão exige que as fibras atinjam porte médio 5/6, 6/0 e 6/7, para isso são analisadas as características citadas acima. Acompanhe na tabela abaixo (atualizada em fevereiro de 2020) um resumo de cada característica e o que influencia em resultados não satisfatórios para cada uma delas.
Tabela 1.: Parâmetros de classificação da fibra do algodão (ANEA, fevereiro de 2020).
Outras formas de agregar valor à fibra produzida.
Para produzir uma fibra de qualidade vários pontos devem ser levados em consideração, porém além das características técnicas de produção, existem outras formas de agregar valor ao produto final, acompanhe algumas na sequência:
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Selos e licenças de qualidade
Existem vários tipos de selos e licenças nacionais e internacionais, isso é uma garantia extra de qualidade de produção, que agrega valor ao produto, além de facilitar sua comercialização.
A BCI (Better Cotton Iniciative) é uma organização, com sede na Suíça, que atua na melhoria da produção mundial do algodão, o processo de licenciamento BCI é centralizado no programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), ao incorporar os critérios mínimos de produção da BCI, de conformidade obrigatória, o ABR atende igualmente às exigências da Better Cotton Initiative para a concessão da licença de comercialização Better Cotton.
Junto com a licença BCI pode ocorrer o processo de certificação ABR, onde a propriedade passa pela auditoria de 8 critérios estabelecidos pelo Programa, que garante diferencial no algodão produzido.
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Associação de produtores
A união dos produtores também é um ponto importante principalmente na agregação de valor de venda. São várias as vantagens quando produtores se unem, no Brasil existe a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), que tem o propósito de garantir e incrementar a rentabilidade do setor por meio da união e organização, buscando sustentabilidade estratégica.
A associação conta com a combinação de 10 associações estaduais, representando atualmente 99% de toda a área plantada de algodão no Brasil, 99% da produção e 100% da exportação do algodão no país, atendendo produtores de qualquer porte e região do Brasil.
Considerações finais
O sucesso financeiro da cultura do algodão está na observação dos detalhes técnicos de produção, buscando sempre a melhor qualidade de fibra e rendimento. A J&H Sementes se preocupa em sempre auxiliar na melhor colheita, trazendo todo o potencial para as sementes produzidas, porém o sucesso é um somatório de semente de qualidade e condução da lavoura com atenção. Esperamos que essas dicas possam ajudar você a colher mais e melhor!
Esse artigo foi feito em parceria com a Agro Insight, para conhecer e saber mais, acesse: agroinsight.com.br.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
EMBRAPA. Algodão em pluma. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/55498/1/AGROIND-FAM-Algodao-em-pluma-1-ed01-2009.pdf>. Acesso em 03 abril 2022
Conhecendo os indicadores de qualidade da fibra de algodão. Disponível em: <https://www.agro.bayer.com.br/mundo-agro/agropedia/conhecendo-os-indicadores-de-qualidade-da-fibra-do-algodao>. Acesso em 03 abril 2022.
EMBRAPA. Padrões universais para classificação do Algodão. 2006. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/276549/1/DOC151.pdf>. Acesso em 03 abril 2022.