A qualidade da pluma é um dos assuntos mais importantes que nós da J&H Sementes sempre abordamos por aqui, uma vez que a negociação da produção do algodão é influenciada diretamente pela qualidade da fibra. Para medir a qualidade da pluma do algodão é necessário seguir alguns parâmetros e o equipamento de HVI ajuda na mensuração deles. Acompanhe esse artigo especial sobre as principais características do HVI e seu papel para definir a qualidade da pluma do algodão.
Classificação da fibra de algodão
No Brasil os padrões de classificação da pluma do algodão sempre passam por modificações, a última normativa divulgada é a Normativa nº 24, de 14 de julho de 2016, a norma define o padrão oficial de classificação, os requisitos de qualidade e identidade, dentre outros detalhes.
O uso do equipamento de HVI tem sido amplamente utilizado em substituição aos métodos de classificação manual, as análises instrumentais medem rapidamente as características mais importantes de cada fardo de algodão e vários países incluem os resultados de análises na comercialização do algodão.
Para que essa classificação tenha valor, ela deve ser padronizada tanto no momento da amostragem como no momento da análise, pois a fibra que passa pelo processo de classificação tem maiores facilidades de venda, por ser uma exigência das indústrias têxteis, consumidores externos e internos.
Nos últimos anos a intensificação do uso de HVI é uma realidade, todo ano é noticiado a abertura de novos laboratórios especializados nesse tipo de análise, exigência na hora da venda e como uma forma de agregar valor, o HVI veio pra ficar!
O que é HVI?
Mas antes de nos aprofundar um pouco mais, vamos relembrar o que significa a sigla HVI? HVI (High Volume Instrument) é a análise e o nome do equipamento utilizado para medir as qualidades intrínsecas da fibra do algodão, esses resultados são importantes tanto para o mercado interno e externo, como também para as indústrias têxteis.
As medições feitas pelo HVI são feitas seguindo padrões da USDA (United States Department of Agriculture). Dentre as medições realizadas destaca-se:
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Resistência (STR)
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Comprimento (UHML)
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Uniformidade do comprimento (%)
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Micronaire (Finura da fibra)
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SFI (Índice de fibras curtas)
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Alongamento (ELG)
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Maturidade (MR)
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RD (Refletância/Brilho/Grau de cinza)
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+B (Grau de amarelamento)
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Thash Folha (Grau de Impureza)
Para manter o padrão das análises, as amostras devem ser condicionadas seguindo as normas da NBR ISO 139:2008 (padrão para acondicionamento e ensaio) da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), como temperatura e umidade. A temperatura é de 20ºC (±2) e umidade 65% (±2). O período mínimo de climatização das amostras vai até alcançar umidade entre 6,75% a 8,25%.
Na tabela a seguir, verifique os detalhes dos principais parâmetros avaliados pelo HVI.
Tabela 1: Parâmetros de avaliação da qualidade da fibra do algodão e as respectivas descrições. Fonte: ABNT.
Padronização de qualidade com o uso de HVI.
Atualmente no Brasil existem um pouco mais de 10 laboratórios que fazem análises de HVI, o trabalho dos laboratórios de análises é monitorado e orientado pelo Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), principal pilar do programa de Qualidade da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), o Standard Brasil HVI (SBRHVI).
A Abrapa também é reconhecida por manter o maior laboratório de análises de HVI da América Latina, que integra o programa Standard Brasil HVI, analisando mais de 3 milhões de amostras por equipamento HVI e mais de 330 mil com classificação visual por safra de algodão.
A padronização da qualidade das análises começa no momento da amostragem e se finaliza na avaliação dos parâmetros, para isso a ABRAPA disponibiliza um manual para a padronização da classificação instrumental do algodão, esse manual relata todos os detalhes do processo, da coleta ao manuseio e o detalhamento de cada análise.
Como deve ser feita a coleta para análise de HVI?
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Momento da retirada da amostra: deve ser feita após o enfardamento (ou durante) e poderá ser feita na usina de descaroçamento (amostras de usina) ou no depósito (amostras de controle). Porém, por questões de qualidade a amostragem preferencialmente deve ser feita na usina.
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Tamanho da amostra: Aproximadamente 150 a 300 mm de comprimento por 150 mm de largura, o peso deve ser de pelo menos 200g.
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Modo de retirada: deve ser feito de forma mecânica com facas de prensa de fardos ou serras mecânicas do depósito.
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Amostragem: todos os fardos são amostrados individualmente, as amostras devem ser embaladas imediatamente após a retirada, sem qualquer tipo de manuseio, identificar cada amostra com o número do lote e do fardo, devem ser embaladas com papel de alta gramatura, com capas de algodão ou plástico resistente.
PROJEÇÕES COM USO DE HVI
O uso de HVI já é uma realidade para os produtores e grupos de produtores de algodão no Brasil e a tendência é aumentar os laboratórios que prestam esse tipo de serviço. O trabalho da Abrapa consiste em acelerar esse processo e auxiliar os produtores na melhoria da qualidade de fibra com técnicas de manejo antes da colheita e com essas análises para mensurar características importantes na hora da venda da fibra.
Um valor é agregado no momento da venda, visto que, essas características são exigências do mercado comprador interno ou externo, principalmente para indústria têxtil, iniciar o processo de venda do algodão já com essas informações disponíveis ao comprador é estar um passo à frente.
Considerações finais
A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de um aumento de 12,5% na área de plantio do algodão para essa safra, totalizando 1.542 milhões de hectares. Em relação à produtividade, os levantamentos dos principais órgãos de pesquisa de mercado indicam um aumento de 2%, resultando em uma produção esperada de 2,7 milhões de toneladas, valor 14,8% acima do produzido na safra 2020/21, embora na prática sente-se que os produtores estão menos otimistas nesta safra. O Brasil é o segundo maior exportador mundial de pluma, com isso, a tendência é de aumento das análises por equipamento de HVI, por agregar valor na fibra na hora da venda tanto para o mercado interno como para fora do país.
Esse artigo foi feito em parceria com a Agro Insight, para conhecer e saber mais, acesse: agroinsight.com.br.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
ABRAPA. Manual para padronização da classificação instrumental do algodão. Disponível em: <https://www.abrapa.com.br/BibliotecaInstitucional/manual-Iinstrumental-algodao.pdf>. Acesso em 01 maio 2022.
Beneficiamento e classificação da fibra do algodão. Disponivel em: <https://farmbox.com.br/2020/08/11/beneficiamento-e-classificacao-da-fibra-do-algodao/>. Acesso em 01 maio 2022.
Centro de análises de fibras de algodão. Disponível em: <https://abapa.com.br/centro-de-analise-de-fibras-de-algodao-2/>. Acesso em 01 maio 2022.
COSTA, J.N.; SANTANA, J.C.F.; WANDERLEY, M.J.R.; ANDRADE, J.E.O.; SOBRINHO, R.E. Padrões universais de classificação do algodão. Embrapa: Campina Grande, 2006.
Instrução normativa nº 24. Disponível em: <https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/21289371/do1-2016-07-15-instrucao-normativa-n-24-de-14-de-julho-de-2016-21289194>. Acesso em 01 maio 2022